domingo, 18 de novembro de 2012

Criação 3 - De soap opera a peça pop

Arte: Garguille

Intervalo começou com essa simples pergunta (inspirada por Jerry Seinfeld): o que acontece com os personagens de uma novela quando a gente não está olhando para eles? Afinal, costumamos saber mais da vida na novela das nove do que de nossos parentes.

Como eu poderia dar num texto de teatro esse sentido de ausência dos personagens? Para uma peça de teatro, teria que ser uma situação breve, urgente. 

Pensei num mecanismo comum às novelas e soap operas. Todas elas são interrompidas por intervalos comerciais. O personagem X diz ao personagem Y algo do tipo "Eu sempre evitei esse assunto, mas a verdade é que... eu sou seu verdadeiro pai!" E então Y olha espantado para X, que olha apreensivo para Y e por alguns segundos ninguém diz nada. Ouvimos uma música tensa enquanto os dois se olham. E entra o intervalo. Só depois dos comerciais os personagens X e Y podem voltar a discutir a questão da paternidade.




Evoluí para uma nova pergunta: o que acontece com os personagens de uma novela durante cada intervalo? Aquela passou a ser minha bússola na criação da peça. 

Eu já tinha intimidade com esse mecanismo. Fui co-autor de duas novelas. Mas meu modelo maior acabou sendo uma paródia de novela mexicana que escrevi para a SBT. Ali estava o espírito de Intervalo, uma peça que nasceu para ser pop.

A seguir: Tempestade de Lágrimas

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