quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Criação 5 - 5 personagens em busca de uma história


Desde o começo decidi que Intervalo seria uma peça sobre personagens, e não sobre os bastidores de uma TV. Os personagens viveriam naquele universo fechado de um novelão mexicano, e não conheceriam nada da vida "lá fora".  (Mais tarde o diretor Ricardo Pinto e Silva me lembrou da coincidência temática entre Intervalo e peça clássica de Luigi Pirandello, Seis Personagens em Busca de um Autor. Fiquei lisonjeado pela lembrança. Mas não vou mentir: Seis Personagens - que eu nunca assisti - não passou pela minha cabeça durante a criação de Intervalo).

Tinha chegado a hora de povoar a peça. Eu precisava de personagens de uma novela ruim, completamente baseados em clichês. Pensei num trio básico: uma mãe viúva (Dona Florinda) com duas filhas, uma boa (Mariana) e uma má (Roberta). Depois veio o noivo-herói (Leonardo) da filha boa, cobiçado pela má. Eu já tinha um conflito básico tipico de novela. Resolvi que a peça precisava de um "alívio cômico", e inventei um amigo do noivo, o apalermado Bob.  Havia ainda o Doutor Teixeira, chefe de Leonardo, que sumiu logo nas primeiras versões.

Pronto. Eu já tinha um universo com uma mecânica própria (a telenovela) e cinco personagens esboçados. O próximo passo seria brincar mentalmente com esses seres imaginários. Procurar a liga para todos esses elementos. O mecanismo que levaria à criação de uma história propriamente dita. Os famosos começo, meio e fim.

A seguir: as peças se encaixam

Nenhum comentário:

Postar um comentário